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quarta-feira, 25 de março de 2020

A semana da Arte Moderna 13 a 18 de fevereiro de 1922

A Semana de Arte Moderna foi realizada entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo. O festival contou com uma exposição com cerca de 100 obras de diversos artistas plásticos, entre eles os pintores Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Ferrignac, John Graz, Vicente do Rego Monteiro, Zina Aita, Yan de Almeida Prado e Antônio Paim Vieira.

A programação musical trazia composições de Villa-Lobos e Debussy, interpretadas por Guiomar Novaes e Ernani Braga, entre outros, e três sessões lítero-musicais noturnas, que tiveram a participação dos literatos e escritores Graça Aranha, Guilherme de Almeida, Mário de Andrade, Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade, Renato de Almeida, Ronald de Carvalho, Tácito de Almeida, além de Manuel Bandeira, que, por motivos de saúde, não compareceu à Semana, mas enviou o poema Os Sapos, lido por Ronald de Carvalho na segunda noite do evento.


Objetivos

Com ideais diametralmente opostos ao parnasianismo, que prezava a objetividade temática, o culto à forma, a impessoalidade e a “arte pela arte”, os modernistas recusavam a arte tradicional e propunham alinhamento com toda produção artística moderna, sobretudo um alinhamento com as vanguardas europeias – cubismo, futurismo, expressionismo, dadaísmo e surrealismo.

Tantas inovações em um contexto ultraconservador, no que dizia respeito às artes, naturalmente não seriam bem-vistas, um dos motivos que abafaram a divulgação do evento. A Semana de Arte Moderna não alcançou grande repercussão à época, não merecendo mais do que poucas colunas nos principais jornais de São Paulo, contudo, sua importância histórica foi devidamente reconhecida com o passar dos anos.

Embora não houvesse um projeto artístico em comum que unisse as várias tendências de renovação apresentadas durante a Semana de Arte Moderna de 1922, havia, porém, um mesmo desejo que agregava os artistas: o de combater a arte tradicional. O evento não foi propriamente um acontecimento construtivo de propostas e criação de novas linguagens, mas sim um acontecimento organizado para expor a rejeição ao conservadorismo vigente na produção literária, musical e visual brasileira na segunda década do século XX.

O Brasil nas primeiras décadas do século XX
  • São Paulo torna-se o centro econômico-cultural do país
  • Contradições entre "o velho e novo": política do  café com leite versus descontentamento de camadas sociais marginalizadas do poder - a burguesia industrial incipiente, o Exército, as classes médias etc.
  • Greve geral de 1917
  • Tenentismo (1922-1924)
  • Coluna Prestes ( 1925)

 Por que São Paulo torna-se o centro econômico- cultural do país

  • Crescimento industrial
  • Imigração
  • Urbanização
  • Combinação do capital das lavouras com o  capital industrial
  • Fusão das elites dominantes ( casamento entre burgueses imigrantes e filhas de fazendeiros) 
A Semana da Arte Moderna e sua repercussão


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Sua dádiva

Sua dádiva

                         Iceman

Ai, ai de ti honrado poeta;
com tua pena, tua tinta, tua destra.
Foste tu teu próprio legado;
Agora triste, descalço, sozinho e mudado.

Foste forte nobre poeta, quando tudo era amargo.
Em palavras de tom servil criaste um mundo;
Mundo belo, afável, feliz, de amor profundo.

Deste aos meus dias um novo sabor;
tornaste plácido o que fora um horror.
Assim, Curaste vidas com teu labor.
E agora?

Sofres tu por uma pena?
Pena que não sorri, não fala, não acena?
Dia após dia seguindo a mesma tormenta.
Dar-te-ei novas palavras e com elas uma sina;
Faças tu o que quiseres pois a saudade te domina.
Lave o rosto, seque as lágrimas e como um livro vire a página;
Abra os olhos e veja o dia, crie versos, sua DÁDIVA.

sábado, 21 de junho de 2014

Por que escrever?

Às vezes o que tentamos dizer é tão, mas tão difícil que acabamos desistindo não é mesmo?
E também às vezes o que queremos dizer é muito simples porém, nos falta uma certa coragem, o falar se torna um exercício sofrido, angustiante, bom seria se pudessem "ler" nossos pensamentos. Pronto, está aí a solução, ler, mas ler o que?

Para que possamos passar uma ideia sem, é claro, termos que dizer em alto e bom tom a escrita se torna fundamental. Há inúmeras formas de se passar uma ideia escrita, seja por SMS, seja por meio das redes sociais, seja por bilhetes, cartazes, cartas, e-mail, enfim, são várias as formas de se passar essa mensagem adiante, porém essa mesma facilidade esbarra na falta de preparo de quem quer deixar um recado escrito e não sabe ao certo como e o que escrever.
Diante dessa questão, ou melhor dizendo, diante dessa missão, estaremos facilitando a vida de muitos com as mais variadas lições de escrita, os diversos tipos de texto, as figuras de linguagem, a gramática, pois essa é fundamental na vida dos nossos escritores, os textos oficiais, ( daí vem aquele suspiro de alívio, seguido da pergunta "será que vai ter dicas para a Redação do ENEM?") bem como as dúvidas que seguem no dia a dia de quem escreve.

Para a alegria de muitos, haverão dicas para a tão sonhada REDAÇÃO DO ENEM. Com a participação de quem já fez a prova e de quem espera se superar nessa etapa importante da vida de muitos jovens brasileiros.
Ismália
Alphonsus de Guimaraens

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...


Alphonsus de Guimaraens
 (Afonso Henriques da Costa Guimaraens), nasceu em Ouro Preto (MG), em 1870 e faleceu em Mariana (MG), em 1921. Bacharelou-se em Direito, em 1894, em sua terra natal. Desde seus tempos de estudante colaborava nos jornais “Diário Mercantil”, “Comércio de São Paulo”, “Correio Paulistano”, “O Estado de S. Paulo” e “A Gazeta”. Em 1895 tornou-se promotor de Justiça em Conceição do Serro (MG) e, a partir de 1906, Juiz em Mariana (MG), de onde pouco sairia. Seu primeiro livro de poesia, Dona Mística, (1892/1894), foi publicado em 1899, ano em que também saiu o “Setenário das Dores de Nossa Senhora. Câmara Ardente”. Em 1902 publicou “Kiriale”, sob o pseudônimo de Alphonsus de Vimaraens. Sua “Obra Completa” foi publicada em 1960. Considerado um dos grandes nomes do Simbolismo, e por vezes o mais místico dos poetas brasileiros, Alphonsus de Guimaraens tratou em seus versos de amor, morte e religiosidade. A morte de sua noiva Constança, em 1888, marcou profundamente sua vida e sua obra, cujos versos, melancólicos e musicais, são repletos de anjos, serafins, cores roxas e virgens mortas.

(fonte: Itaú Cultural)

Publicado no livro Pastoral aos crentes do amor e da morte: este poema, integrante da série "As Canções", foi incluído no livro “Os cem melhores poemas brasileiros do século”, Editora Objetiva, Rio de Janeiro, 2001, pág. 45, uma seleção de Ítalo Moriconi.